Apresentação

O TUCA faz parte da história de todos que, nos anos de 1960, nasciam para o teatro ou já estavam nele e foram, de repente, mergulhados no obscurantismo de uma ditadura cívico-militar que se arrastou por mais de vinte anos. Por força da história política do País, o TUCA se transformou em muito mais que um espaço de representação de um grupo universitário que, ao surgir, já disse logo a que vinha, com a poesia de João Cabral. O palco de “Morte e vida Severina” acolheria, a partir de então, as vozes da resistência ao arbítrio e à intolerância, seja em espetáculos, seja em assembleias sindicais e debates tantos, mesmo quando foi consumido pelas chamas.
Na falta do palco, os seus escombros acolheram, nos anos de 1980, espetáculos com o vigor de “A Floresta do Amazonas”, em que o Ballet Stagium escalava suas paredes, e levantava a poeira do chão de terra, para denunciar a destruição do Homem e da Natureza.
Antes, quando a repressão mostrava suas garras, foi a vez da música popular brasileira gritar ali que era “Proibido proibir” – e assim, como profecia, aquele palco definiu o rumo da sua história. Dos 50 anos vividos e dos muitos que virão.
Oswaldo Mendes, ator e dramaturgo.